Quem valoriza os(as) Educadores(as) e Professores do 1º Ciclo?

 

Longe vai o tempo das “Regentes” e das “Babás”. Hoje os docentes que lecionam no Pré-escolar e no 1º Ciclo são docentes que estão devidamente “Licenciados” para exercerem as suas funções. Mas as diferenças ainda são mais do que evidentes. Depois de um breve período de progresso na sua valorização, os ataques sucederam-se. Ficam algumas das razões a rever e pelas quais, os profissionais destes dois grupos, se encontram desmotivados e se sentem desvalorizados. Não querendo desvalorizar os problemas que docentes de outros grupos têm.

A necessidade de rever a idade/tempo de serviço para a aposentação dos docentes do 1º ciclo é uma prioridade imediata. A injustiça praticada ao pôr todos os grupos de docentes no mesmo patamar da aposentação foi uma traição. Parece que poucos se lembram que a aposentação diferenciada deste grupo de docentes e dos educadores de infância foi uma “troca” para que os mesmos aceitassem o horário de 25 horas semanais. Todos sabemos de que “lado” não se respeitam acordos. Sobre isto já se fizeram petições e debates parlamentares. As petições, quase todas com um elevado número de subscritores. Os debates parlamentares, cheios de boas intenções e demagogia.

Nesta linha, é claro que, o horário de trabalho do Educadores de Infância e dos docentes do 1º ciclo é injusto, mas não só por isso. A alteração que o horário sofreu aquando da passagem da meia hora diária de intervalo de componente letiva para componente não letiva é uma farsa. E é uma farsa porque nos foi introduzida no horário uma tal de componente de estabelecimento, que nada mais é que a vigilância de intervalos. Tapa-se os olhos aos cegos. O trabalho que os outros docentes desenvolvem nessas horas, estes docentes, realizam no seu próprio tempo. E também há que referir que com a introdução das AEC, agora, existem dois intervalos de 30 minutos cada, um de manhã, outro à tarde, ambos supervisionados por docentes.

Como consequência da inflexibilidade do horário letivo destes dois grupos de docentes, os mesmos, veem-se obrigados a reunir, em horários em que mais nenhum grupo o faz, pelo menos com a mesma frequência.

O trabalho burocrático é outra das questões que é preocupante na sobrecarga de tarefas a que estes docentes estão submetidos. As coordenações de escola/estabelecimento ocupam muito do tempo disponível dos docentes que ocupam esses “cargos” a maior parte das vezes sem qualquer remuneração extra ou redução de horário letivo. Já para não falar da responsabilidade que é gerir um estabelecimento de ensino em todas as suas componentes. A supervisão das AEC é um tema de que pouco se fala, mas está inserido na componente não letiva destes docentes. Mais umas quantas horas perdidas a “observar” o trabalho realizado por outros docentes, não sei bem porquê, mas tem de se cumprir e elaborar relatórios. Há localidades onde são os titulares de turma que “avaliam” estes docentes, uma obscenidade… os contatos com entidades extra escola também estão ao cargo destes docentes, pois todos eles são “diretores de turma”, mas sem direito a horas retiradas da sua componente letiva, todo esse trabalho é realizado na componente não letiva. As deslocações à escola sede para reuniões, são feitas nos veículos dos docentes e muitas vezes com intervalos de 15 minutos para a deslocação (não é sair de uma sala e entrar noutra ao lado). A falta de equipamentos nas escolas de 1ºciclo e Ed. Pré-escolar é outro dos problemas. Terem que se deslocar, mais uma vez nas suas viaturas, à escola sede para tirar umas fotocópias ou imprimir uns quantos documentos, é usual…

Parecendo que não, todos estes pormenores contam para o desgaste, adicional, destes docentes.

Estas são algumas das razões porque os Educadores de Infância e os professores do 1º Ciclo devem ser valorizados e respeitados pelo trabalho que realizam em prol dos seus alunos e da escola. O seu trabalho vai muito mais além do que se limitarem a lecionar…

É claro, têm, também, todas as outras contrariedades que os docentes de outros ciclos. E essas, já não são poucas…

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11 comentários

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    • AOliveira on 21 de Setembro de 2016 at 19:39
    • Responder

    E de que maneira, Rui…

    • Jose Santos on 21 de Setembro de 2016 at 20:37
    • Responder

    Pouco interessam os canudos se não houver respeito. Ao longo dos anos políticos, comunicação social e alguns sindicatos têm contribuído para a falta de respeito destes docentes. Artigos vários sempre a por em causa o trabalho efetuado por estes dois grupos. Haja respeito e acima de tudo tratar estes docentes com a dignidade que merecem. JA CHEGA

    • Margarida on 21 de Setembro de 2016 at 20:48
    • Responder

    E professores do 1º CEB desempenharem tarefas como ocupação de tempos livres, AECs? É dramático, tudo isto.

    • Ana L. on 21 de Setembro de 2016 at 22:14
    • Responder

    É uma vergonha que os professores tenham horários e vencimentos diferentes. Os sindicatos juntar-se e defender a igualdade na carga horária e no vencimento.

    • Eli Rodrigues on 21 de Setembro de 2016 at 22:45
    • Responder

    Devia ter colocado o número de horas específico comparativamente a outros grupos.

    • ferpin on 21 de Setembro de 2016 at 23:26
    • Responder

    Opiniões não se discutem.
    Há muitos anos, professores de áreas que só tinham disciplinas de secundário diziam que não estava correcto os professores do 1º ciclo terem 25h lectivas e como indemnização de não terem reduções se reformarem muito mais cedo, enquanto eles que davam 12º tinham 22h de horário completo, quando achavam que deviam ter só 12h como os professores do ensino superior.
    Alegavam eles que o 12º estava muito mais próximo do 1º ano do ensino superior, enquanto o 1º ciclo estava a uma série de anos de diferença.
    São opiniões. A que eles tinham e a que o autor do artigo exprime agora.

    Eu, acho normal que cada um olhe para o seu umbigo. Não me espanta.

    Porque não, admitindo então que os professores devem ganhar todos o mesmo e ter os mesmos horários,defender as 12h lectivas para o 1º ciclo e mesmo os educadores de infância?

      • Ricas on 21 de Setembro de 2016 at 23:43
      • Responder

      Realmente só existe um ciclo onde trabalham mais e ganham menos..que é o 1ªciclo..logo a sua retórica não faz sentido

        • ferpin on 22 de Setembro de 2016 at 1:11
        • Responder

        Não é verdade.
        Se você achar que um educador de infância, um professor do 1º ciclo, 2º ciclo, 3º ciclo e secundário prestam serviço de igual dificuldade e que o trabalho em casa e a preparação de aulas são absolutamente iguais, porque não lhe junta o superior?
        Nesse caso todos se queixam que trabalham mais horas que os do superior e logo, devem pedir para reduzir o horário até às 12h.

        Se você acha que um professor do superior exerce uma actividade mais exigente e qualificada que a dos restantes e não o mete na lista, então eu pergunto. Você acha que ensinar o 1º ciclo é idêntico ao 12º, mas acha que o 12º é muito menos exigente em competências que o 1º ano do superior?

        Entretanto, parece-me que você já está a tirar os educadores de infância da lista, já que estes trabalham mais horas e com menos tempo sem aulas no natal, páscoa, etc que os do 1º ciclo.

        Não os considera tão professores como os do 1º ciclo?

        Acha que há diferença nas qualificações?

        Que a actividade com o 1º ciclo é intelectualmente mais exigente que a dos educadores de infância?
        Que tem mais trabalho a corrigir testes? A preparar aulas?

        • Cristina Pereira on 22 de Setembro de 2016 at 10:34
        • Responder

        “revolta-me a pequenez… de espírito”, Ricas! Eu sou educadora de Infância há 27 anos, sempre com a casa às costas e não considero que trabalhe menos que qualquer outro docente! Logo a sua retórica é que não faz o mínímo sentido!!!!!

    • Ana Paula Pires on 22 de Setembro de 2016 at 23:56
    • Responder

    De nos querermos fazer de tão coitadinhos, tão coitadinhos e diferentes dos outros setores estamos mesmo a pôr-nos a jeito de nos retirarem da carreira única e criarem para nós uma “carreirinha” só porque somos diferentes dos nossos colegas do 2º,3ºciclo e secundário… por favor haja discernimento nestes discursos ou será que o objetivo é dividir para reinar? O que temos que exigir e lutar é por valorizar todos os docentes para termos melhores condições profissionais para todos não acham?


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